Feminismo e a luta das mulheres no Fórum Social Mundial 2003
- Desde a primeira versão do Fórum Social Mundial, em 2001, vários setores do movimento de mulheres estiveram presentes e ativos nas arenas da luta contra a globalização neoliberal para articular a ação feminista. O feminismo tem que ser parte das práticas e do projeto de transformação em que mulheres e homens sejam livres e iguais. Neste sentido, a Marcha Mundial das Mulheres, a Rede Economia e Feminismo e a SOF Sempreviva Organização Feminista têm participado das discussões do Fórum Social Mundial, garantindo a presença das mulheres nas ações e debates por um outro mundo possível. Temos a convicção que a igualdade para as mulheres só será conquistada se a nossa luta construir a luta por uma sociedade sem opressores nem oprimidos. Para nós, como parte de um campo feminista anticapitalista, o FSM é um momento para aprofundar a reflexão e análise de transformação social, para elaborar alternativa e traçar percursos comuns. A Marcha Mundial das Mulheres é responsável, junto com outras duas organizações, pelo eixo temático Princípios e valores, direitos humanos, diversidade e igualdade. Desta maneira, pretende avançar nas reivindicações sobre outro mundo possível para as mulheres. Como parte desse eixo, a Marcha está organizando um painel de aprofundamento e debate de estratégias sobre a igualdade de gênero, além de três seminários, duas oficinas culturais e uma terceira, de análise da Marcha rumo às ações globais de 2005. Atividades no FSM 2003 Se o FSM de 2001 foi um momento de análise da conjuntura mundial e das possibilidades de transformá-la, em 2002 o Fórum esteve centrado na proposição de alternativas ao modelo neoliberal. Agora, na edição de 2003, pretendemos avançar na proposição de alternativas, continuar apresentando nossas análises e posicionamentos mas também entrar no debate sobre quais as estratégias de ação e organização que podem gerar o mundo novo que queremos. Para novos contatos e um espaço de difusão da Marcha em Porto Alegre, no Fórum teremos um espaço de convergência próximo aos Armazéns, onde acontecem os painéis sobre os cinco eixos do FSM. Nosso estande será um espaço para encontro e informação de mulheres do mundo todo, venda e distribuição de materiais de organizações da Marcha Mundial das Mulheres de vários países. Será também um lugar em que todas poderão se manter atualizadas sobre as atividades da Marcha no Fórum e encontrar companheiras que por acaso se desencontrarem. Nosso primeiro encontro em Porto Alegre está marcado para o dia 23 de janeiro, na Usina do Gasômetro. Vamos nos reunir às 13 horas, no saguão, com as representantes da Marcha de outros países para conversar sobre as atividades da MMM no Fórum, entrar em sintonia militante e começar a nosso aquecimento para a Marcha de abertura. Tivemos uma avaliação positiva da presença organizada das ativistas da MMM nos momentos públicos, como a passeata de abertura, a ação pelo direito ao aborto, a marcha contra a Alca. O novo desenho do FSM 2003 e o aumento do número de participantes e atividades trarão também uma maior dispersão. O Fórum está priorizando a descentralização, a diversidade e o diálogo com os espaços públicos e a cidade de Porto Alegre. É hora de colocarmos nossa criatividade e irreverência em ação. Vamos todas estar nesses espaços dando visibilidade à perspectiva de um feminismo que luta pela transformação social e dos temas que estamos apresentando, criando dinâmicas de protesto, informação e celebração das alternativas que já estamos construindo. Durante a semana vão acontecer manifestações e festas de rua. Convidamos todas a levarem suas bandeiras, estandartes, fantasias, adereços e instrumentos musicais para Porto Alegre, para construirmos nossa presença num bloco dançante, colorido e barulhento. A atividade de abertura do FSM, no dia 23 de janeiro, será uma grande marcha internacional pela paz e pela autodeterminação dos povos. O bloco da Marcha Mundial das Mulheres vai se concentrar na região da Usina do Gasômetro, por volta das 15 horas. Juntas com o movimento LGBT, vamos sair às 16 horas para nos encontrar com a marcha do Acampamento da Juventude e seguir todas e todos até o Largo Glênio Perez, em frente ao Mercado Municipal, onde integraremos a Marcha do Fórum Social Mundial. No dia 27 vamos nos preparar para sair às ruas contra a Alca com a garra de sempre: está prevista uma grande manifestação contra o acordo e a política militarista dos Estados Unidos e do G-8, saindo do ginásio Gigantinho, logo após a conferência Como derrotar o Império, com Noam Chomsky e Evo Morales.
- Construindo a Resistência Global
A Marcha participa da articulação mundial que no ano passado lançou a declaração dos movimentos sociais reunidos em Porto Alegre. Essa declaração é parte de uma iniciativa de convergência em torno de um calendário de lutas e campanhas comuns contra a mundialização do capitalismo neoliberal. Em busca de uma aliança mais permanente, essa rede de movimentos, ao longo do ano, esteve nos Fóruns temáticos, regionais e contra-cúpulas, e programou duas grandes assembléias dos movimentos sociais nas manhãs dos dias 24 e 25. Estaremos mais uma vez presentes, levando o sentido da luta feminista para a construção de estratégias por um outro mundo possível e necessário. Propostas alternativas por uma outra economia Dando continuidade às discussões realizadas no FSM 2002 pela parceria entre a Marcha Mundial das mulheres e a Rede Latino-americana de Mulheres Transformando a Economia (Remte), será realizado em Porto Alegre um novo seminário sobre feminismo e economia: Alternativas feministas por uma outra economia, composto de apresentações e debates a partir das experiências de mulheres na construção de relações econômicas alternativas com dignidade, justiça social e respeito ao meio ambiente. A luta contra a mercantilização da vida e do corpo das mulheres Do turismo sexual à publicidade sexista, se agravam os processos sociais e políticos que fazem das mulheres objetos de livre comércio. Como combater juntas esses mecanismos e nos fazer reconhecer sem precisarmos consumir nem sermos consumidas? Neste seminário vamos debater as relações entre mercantilização e violência como um dos temas da atualidade da luta feminista contra a globalização neoliberal. Jovens e feministas no movimento A Marcha está organizando este seminário no III Acampamento Intercontinental da Juventude. Quem são aquelas que hoje se envolvem com a política das mulheres? Existem jovens feministas no movimento contra a globalização neoliberal, nos movimentos culturais ou estudantis do mundo todo? Quais são suas preocupações e como se relacionam com a história do feminismo? A proposta é gerar intercâmbio de experiências entre as gerações de mulheres feministas, entre as jovens feministas de diversas origens, entre as mulheres que afirmam a atualidade do feminismo e as jovens que se inserem nas lutas contra a globalização neoliberal a partir de outros enfoques. Pixação crítica e libertação de cartazes publicitários Sobre o tema da mercantilização, a SOF promoverá essa oficina a partir da dinâmica desenvolvida nos encontros de arte e feminismo realizadas em São Paulo, ao longo do segundo semestre de 2002 e sob a orientação da artista plástica Biba Rigo. A oficina visa debater o conteúdo sexista de cartazes publicitários e elaborar respostas criativas a partir da própria percepção das participantes. Desafios da Marcha Mundial das Mulheres A Marcha continua e está planejando ações globais para o ano de 2005. O FSM é um momento importante para os rumos, planos e estratégias da Marcha e algumas definições até lá. Pintura coletiva de um mural da Marcha Mundial das Mulheres Sob orientação da artista plástica Biba Rigo, as mulheres da Marcha deixarão marcadas em um muro de Porto Alegre suas expectativas para um outro mundo possível. Até o início de janeiro detalhes destas atividades, como data e local, assim como outras informações, estarão na página eletrônica da Marcha www.sof.org.br/marchamulheres
